terça-feira, 15 de novembro de 2011

Programa "Um Computador por Aluno" - Problemas e Soluções

Foi publicada na Gazeta do Povo do dia 15/11/2011 uma reportagem sobre fatos observados no projeto federal "Um Computador por Aluno" (UCA), na qual são apontados alguns problemas como as dificuldades na assistência técnica e a falta de controle sobre o conteúdo utilizado. A matéria Um avanço, vários problemas - Retratos Paraná - Gazeta do Povo evidencia que em uma das cidades, Santa Cecília do Pavão, nove meses depois da liberação dos computadores para professores e alunos, os problemas começaram, causando um certo esfriamento na empolgação inicial.

O que é o Projeto UCA?

De acordo com o exposto no sítio do UCA http://www.uca.gov.br, "o Programa Um Computador por Aluno - PROUCA, tem como objetivo ser um projeto Educacional utilizando tecnologia, inclusão digital e adensamento da cadeia produtiva comercial no Brasil". Teve início após a apresentação do projeto OLPC (One Laptop Per Child) feita ao governo brasileiro no Fórum Econômico Mundial em Davos - Suiça, em janeiro de 2005. Foram, então, organizadas reuniões com especialistas brasileiros para debater sobre a utilização pedagógica intensiva das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Em 2007, foram selecionadas 5 escolas, em cinco estados, para realizarem os experimentos iniciais, localizadas em SP, RS, TO, RJ e DF.

Finalmente, em Janeiro de 2010, foi liberado através de pregão o fornecimento de 150.000 computadores portáteis educacionais a cerca de 300 escolas públicas previamente selecionadas nos diversos estados e municípios. Dentre todos os municípios, seis foram escolhidos para o UCA Total, nos quais todas as escolas públicas serão atendidas. São eles: Barra dos Coqueiros (SE), Caetés (PE), Santa Cecília do Pavão (PR), São João da Ponte (PA), Terenos (MS) e Tiradentes (MG).

Que problemas estão sendo constatados?
  •  O programa ficou restrito a uma parcela muito pequena da comunidade escolar. Atualmente (15/11/2011), são pouco mais de 130.000 estudantes atendidos ou 0,3% do total, a nível Brasil.
  • Existem problemas para se obter assistência técnica aos computadores danificados, causados principalmente pela falta ou deficiência de mão-de-obra local.
  • Não há controle sobre o conteúdo acessado pelos alunos via Internet, fato que está causando preocupações aos pais.
  • Há evidências de problemas de infra-estrutura como, por exemplo, insuficiência observada nas instalações elétricas que impede que todos os computadores sejam ligados simultaneamente.
  • Indisponibilidade de acesso à Internet.
  • Inexistência de um projeto pedagógico voltado para o uso do computador em sala de aula.
  • Falta de formação e de preparo adequado dos professores para lidar com a Tecnologia da Informação.
  • Os computadores estão sendo utilizados pelos alunos como ferramenta de entretenimento em vez de utilizá-la no seu aprendizado.

Que podemos concluir a respeito?

Em primeiro lugar, devemos admitir que o programa em si é bom e precisa ser levado adiante. Entretanto, os problemas que ora aparecem servem de alerta para que certas providências sejam tomadas, antes que seja tarde demais. Se considerarmos que apenas 0,3% dos alunos e professores são atendidos atualmente, tais problemas ficarão exremamente graves e complexos com o passar dos anos, na medida que o número de equipamentos aumentar. No meu entendimento, as seguintes providências, dentre outras, precisam ser tomadas:
  • É necessário que estados e municípios preparem um plano consistente de aquisição, distribuição e manutenção dos computadores.
  • As infraestruturas das escolas devem estar adequadamente preparadas para que os equipamentos possam ser bem utilizados, tanto no que diz respeito à energia elétrica quanto aos acessos à Internet.
  • O controle físico dos computadores tais como a identificação patrimonial e os locais de armazenamento devem estar bem definidos, assim como a atribuição de responsabilidades de quem utiliza.
  • Os computadores devem estar convenientemente configurados, de maneira que somente pessoas credenciadas possam ter acesso à instalação e remoção de programas. Isto evitará que alunos e professores, inadvertidamente, danifiquem os programas instalados ou introduzam vírus.
  • Outro aspecto relativo à segurança da informação é implementar bloqueios a conteúdos não condizentes com a finalidade proposta, como sexo, violência e até mesmo determinados tipos de jogos.
  • Deve haver um planejamento pedagógico suficientemente claro para orientar professores e alunos a respeito das atividades que podem e que precisam ser feitas. Caso contrário, cada um vai fazer o que der na telha e os computadores não serão convenientemente aproveitados.
  • Os professores devem ser bem treinados para que eles, e não os alunos, definam as atividades a serem desenvolvidas.
  • Os alunos e seus responsáveis devem estar suficientemente esclarecidos sobre a utilização adequada das ferramentas da informática, a fim de que compreendam as suas responsabilidades neste processo. Cada um deve se responsabilizar pelo uso correto para que todos possam se beneficiar.

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